quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

3% e o azar de ser brasileira


3% é uma série original da Netflix e é o primeiro seriado nacional por lá. Trata-se de uma distopia futurista onde a população se divide entre os escolhidos que moram no Maralto e o resto que vive, ou melhor, sobrevive no continente.


Aos vinte anos de idade, qualquer jovem do continente pode se submeter a um processo de seleção em que somente 3% dos inscritos serão aprovados e deixarão a miséria do continente para viver no Maralto.

O processo é cruel e injusto. São várias provas que me pareceram uma mistura de Big Brother com No Limite, onde o prêmio é a possibilidade de uma vida digna. A grande maioria da população está satisfeita com essa divisão, chegando até a existir uma seita de devotos ao processo, onde, julgando pela idade dos integrantes, os reprovados se juntam para louvar o processo e agradecer ao Casal Fundador, os criadores do Maralto. Bizarro? Eu achei um pouco...

No entanto, nem todos são a favor desta divisão e da existência do processo de seleção, e um grupo chamado A Causa luta contra o exame e os moradores do Maralto. Inclusive mandando agentes para o processo seletivo.

Muito se questiona sobre a qualidade da série. Alguns defendem com afinco e outros depredam sem dó. A minha opinião? Eu achei de razoável pra boa. Alguns erros e outros acertos, talvez o maior erro tenha sido o autor ser brasileiro. Vou explicar.

Todos nós sabemos como as coisas criadas no Brasil são criticadas com mais peso. 3% peca em algumas cenas. Diálogos meio WTF e motivações equivocadas. Vejo isso em algumas outras séries. The Flash, por exemplo, comete uns equívocos assim, mas recebe perdão com mais facilidade. Antes que eu receba porradas, não estou comparando as séries, gosto de The Flash e ela é muito melhor, somente comparei um quesito delas, mais nada.

O maior problema de ser brasileira não é o peso da crítica, é a dificuldade de se conseguir recursos. O piloto saiu em 2011, a continuação da série em 2016, nesse meio tempo, tivemos uma caralhada de distopias. Literatura, cinema e outras séries. O tema ficou meio batido e 3% perdeu o timing. Sendo assim, ao começar a assisti-la, já temos a sensação de “já vi isso antes”.

Como disse anteriormente, a série não é perfeita, mas vale ser assistida. Acaba levando muito mais bronca que o normal só por ser material nacional, a verdade é que eu vi muita coisa boa lá, viradas de roteiro, personagens interessantes e um terreno fértil para se plantar e colher mais bons frutos. Várias perguntas do enredo ainda não foram respondidas e como temos apenas a primeira temporada, podemos esperar por melhores soluções.

Sendo assim, e
spero que a série continue, é bom ver um material todo nacional na Netflix, ainda que não seja perfeita ou ideal, 3% abre portas e merece nosso apoio, então assista e tente não cobrar demais, afinal de contas, estamos engatinhando na produção de séries e se enterrarmos os projetos logo no início, nunca teremos séries nacionais excelentes.

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