Doutor
Estranho é o melhor filme da Marvel e pode até render um Oscar para
o estúdio no quesito efeitos especiais, mas verdade seja dita, é
somente mais do mesmo.
Vamos
com calma, ser o melhor filme da Marvel não significa ser uma
obra-prima do cinema. Já sabemos qual é a fórmula secreta deles:
super-heróis, roteiro coeso, atores marcantes, piadas e efeitos
visuais de primeira linha. Encontramos tudo isso em Doutor Estranho,
só que melhor do que veio antes.
Stephen
Vincent Strange, o Dr. Estranho é um personagem que foge bastante do
senso comum dentro da Marvel., um neuro cirurgião arrogante que após
perder os movimentos das mãos devido a um acidente de carro, gasta
toda sua fortuna buscando a cura e não consegue. Acaba descobrindo
que um mestre ancião no Himalaia poderia ajudá-lo e assim começa a
jornada do nosso herói.
O
que diferencia o personagem é o lado místico da história, Dr.
Estranho não adquiriu os seus poderes devido a um acidente, não
nasceu com genes mutantes ou construiu uma armadura. Ele teve que
sair do seu mundo, alterar todas as suas crenças e se entregar a uma
nova realidade, ou melhor, múltiplas realidades.
Temos
aqui, uma das primeiras falhas do filme, o tema é extenso, denso e
merece seriedade e tempo, mas estamos falando da Marvel e não é
isso que eles propõem. Embora o filme seja mais adulto e com melhor
roteiro que outros do estúdio, não vemos nada demais aqui. Somente
a clássica jornada do herói sem que as premissas sejam
aprofundadas. Não sentimos o peso dos problemas de um médico que vê
a carreira destruída e junto com ela, toda a sua visão de mundo.
Mas ao que se propõem contar, o roteiro é bem-feito e coeso.
Outro
grande acerto do filme foi a escolha do ator Benedict Cumberbatch
para o papel principal. Quem assistiu a série Sherlok da BBC, sabe
muito bem que ele tem o dom de dar vida a personagens arrogantes,
prepotentes, mas que sempre nos cativam de algum modo. A atuação
brilhante nos prende e dá vida ao Dr. Estranho respeitando a HQ de
forma primorosa. Os trejeitos, maneirismos e até mesmo as posições
das mãos são impecáveis. Temos que elogiar o figurino também,
estava perfeito.
Mais
um acerto é a atriz Tilda Swinton (Katehrine Mathilda Swinton) que
sempre me prendia a atenção com os detalhes. Ao interpretar a
Grande Anciã ela conseguiu ser rígida, disciplinada, graciosa e
realista. O filme é uma psicodelia lisérgica com a realidade se
dobrando segundo a vontade
dos magos e a expressão facial da atora
torna tudo muito crível. Os movimentos são perfeitos, como se
fossem treinados por séculos e nos mostra como as magias que ela usa
não estão no nível de qualquer um.
Mads
Mikkelsen é um acerto e erro ao mesmo tempo. O ator é excelente e
interpretou muito bem tudo o que lhe foi pedido, quem assistiu
Hannibal (a série) sabe como o ator é excelente e pode dar vida a
um vilão sofisticado e intrigante. No entanto, estamos falando da
Marvel e nenhum dos vilões são bem trabalhados nos filmes deles.
Ter um ator tão bom faz com que queiramos mais dos vilões, sentimos
a necessidade de tempo de tela para eles.
O
mais incômodo no filme são as piadas. Eu gosto de rir, sou da
zoeira, mas a Marvel exagera e utiliza do alívio cômico em momentos
inoportunos. Todas as cenas do filme foram bem-feitas, na hora do
drama, sentimos a coisa, não é um filme triste, não pretende ser,
traz a dramaticidade necessária para uma obra que almeja a atingir
todos os públicos, mas traz piada em hora inadequada e estraga o tom
das cenas que não deveriam nos fazer rir.
A
cereja do bolo, o que fez o filme se tornar o meu predileto do
universo Marvel foram os efeitos especiais. Stephane Ceretti é o
responsável por esta parte e tem grandes chances de concorrer ao
Oscar segundo especialistas. As magias do filme são capazes de
moldar a nossa realidade e os efeitos ficaram perfeitos. Eu mesmo não
gosto de 3D e acho que a imersão foi ainda maior com esse recurso e
recomendo que vejam desta forma, se possível.
Além das viagens alucinógenas que parte das cenas coloridas causam, temos o cenário sendo usado como parte das lutas, muito bem coreografadas por sinal. Os magos fazem com que o mundo se desdobre como precisam e moldam ou subvertem as leis das físicas da forma que melhor lhes convém. Tudo isso é materializado no filme pelos efeitos visuais perfeitos.
Dr.
Estranho é um ótimo filme, na minha opinião, o melhor da Marvel,
mas usou a mesma fórmula de sempre, ainda que tenha um tom menos
cômico e visual não tão colorido como outras obras do estúdio,
não chega a revolucionar a franquia como muitos acreditavam.
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